sábado, 22 de maio de 2010

saí pra rua
atrás de um abraço.
saí em vão...

voltei pra casa
talvez triste.
conversei com o violão...

que abração!


ERRATA:  não se sai de casa em vão. Mas já que rimou...

momentaneamente...

Por que cargas d'água
eu deixo que me escapes
assim às mãos?

Por que me empenho
em desejar-te com
as garras sutis
que um felino brinca
com as asas delicadas
de uma borboleta,
sem machucá-la?

E se te agarro assim,
para que nestas garras
se envolva livre e
suavemente
é porque não sei
ser de outra forma
na sua presença,

momentaneamente...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

À Espera


Espero.
Espero com a esperança
de não esperar.
Mas, ainda assim
espero.

Os holofotes celestes
são testemunhas oculares!

Quisera eu fossem estes
os teus passos;
quisera eu fosse este
o teu cheiro;
quisera eu fossem estes
raio e luz
teu corpo e calor,
para que depois
chovessemos
nosso suor
noturno.

Mas, acima de tudo,
espero.

Quisera eu fosse
esta tristeza, teu gozo;
este vento, teu beijo;
este barulho de
água que despenca,
as batidas do teu peito,
onde eu procuraria
o engima dos teus
anseios, dos teus
desejos.

Quisera eu fosse tua
voz a melodia do
universo;
fossem tuas mãos
o berço no qual
dormem os oceanos;
fosse teu seio o
rochedo sobre o
qual meu corpo,
em livre queda, se
choca e se funde

Quisera eu
não esperar mais!

- Contudo,  estou à espera

(...)

Pela noite moribunda
lágrimas gotejam os resquícios
das nossas dores e amores
em tons de azul e branco:
azul anil.
Anil da cor do céu,
da cor do vento e do nosso amor
em cordel;
tecendo vida, leve como pluma
um movimento como figura, retrato
do que nós fomos
- enquanto seres abstratos -
abstraindo, abstraindo,
abstraindo...

AS LÁGRIMAS DO REI


No alto daquela colina
há um rei que chora,
sentado em uma pedra
sobre a neblina do tempo.
Chora por ter sido egoísta
e por isso ter faltado com seu reino,
que agora o observa com suas
 lágrimas nos olhos e que
nunca caem, nunca.
Lá no alto desta colina,
sobre uma pedra que não despenca
pela natureza que lhe assegura,
há um coração que chora o remorso
dos dias felizes do seu reinado  e que
agora não dão sentido algum a sua nobreza.
Do alto daquela  colina vê-se que
o mundo pode estar à seus pés e mesmo
assim o soberano não saber reinar.
Foi num sonho, lá no alto daquela colina,
em um pedra que lhe obserava, inerte,
como seu coração, como seu reino,
como seu reinado, que um rei morreu ali
sentado, por sua ingratidão.
No alto daquela colina há um rei
que chora na esperança que seu reino
lhe estenda a mão. E ele observa a tudo
com um olhar simultâneo de rei e paixão
pelo seu reino, sobre o qual lágrimas não cairão;
Lá no alto há um rei que chora lágrimas
que não caem ao chão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Enfim

Adormeci menino
e acordei poeta;

Ah, se fosse normal
se sentir assim;
Ah, fosse um beijo matinal
e o perfume do jasmim!

Em mim, jaz; em mim, jaz.

Jaz o medo e a palavra profanada

Adormeci sozinho
e acordei com o vento;

Ah, se normal fosse assim
eu deixaria um pedaço de mim
em cada esquina da capital;

Mas, enfim. Enfim... enfim e enfim!
Enfim sempre me traz à um novo lugar
e rouba todos os pedaços de mim!

Enfim...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tautologia

       EGO
      CEGO
  MORCEGO

AMOR CEGO

Vitória

Vitória,
amarraram-te ao tronco
Vitória, como se amaldiçoada
fosse a tua beleza;
amarraram-te as mãos
às costas e os pés juntos
para atear fogo ao que te faz bela;
purificar a vida do seu esplendor.
E a chama que queimara teu peito,
agora consumirá teu corpo,
Vitória. Serás transforma em vento,
em cinzas, em carlor! O teu calor
Vitória, a tua pele e músculos juvenis
outrora por vestes escondidos e
pelo vento diversas vezes revelados
em curvas sinuosas do tua natureza,
agora arderão em labaredas, derreterão
e se desprenderão do teu corpo
com dor intensa. Mas este peito já
ardeu antes, não foi Vitória?
O que pode a raça humana por não ter amado!
O que pode o torpor do mundo ao
ver-se refém da tua beleza, Vitória!
O nefasto acompanha a tua fortuna,
Vitória