quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Meu Silêncio

É verdade:
tenho andado em silêncio.
Diante das circunstâncias
remotas da minha existência
por diversas vezes, mantenho-me 
em silêncio.
Mas meu silêncio
está muito longe
de ser dor.

É, antes de mais nada,
escuta.
É, antes de meros indícios,
mistério.
É, muito antes de uma
voz que se cala diante da vida,
a sua exaltação.
É a busca pela minha singularidade,
pela minha palavra
pela construção de uma nova
trilha na mata fechada e inexplorada
do meu ser.

Não é amargura, longe disso.
Tampouco uma armadura.
Em silêncio, existo de peito aberto
Tenho existido de peito aberto às nuances da vida.

Não fujo mais
aos raios do sol
aos pingos da chuva
aos olhares furtivos e constantes
às comédias e tragédias gregas cotidianas.
Não tenho o menor interesse
em fugir do tempo.
Pelo contrário,
quero abraçá-lo;
convidá-lo a tomar uma cerveja na esquina

Não toquem em meus cabelos brancos!
Não critiquem minhas rugas!

Passa de longe se isso te consola.
Contudo, sei que, ainda assim
meu ser te toca;
ainda assim, em silêncio;
ainda assim, sutilmente;
ainda assim, divindades;
ainda assim; ainda assim.
ainda...

2 comentários:

  1. O silêncio leva a sermos observadores do outro, parte da vida, parte de nós.
    Sendo assim temos uma visão de outro ângulo, talvez mais quieto, mas não menos participativo.
    Beijo-beijo, beija-flor

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  2. O silêncio que você menciona é essencial para escutar a tênue voz interior...
    Quem não o faz acaba esquecendo de si mesmo.
    Abraço.

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